Alegria de viver!

Com grande alegria tivemos o privilégio de participarmos na Festa de Natal do Estabelecimento Prisional de Odemira, que teve lugar no dia 10 de Dezembro.

Durante 3 meses fez-se um trabalho de educação informal com as reclusas do EP. de Odemira, num projecto de teatro socioeducativo “As personagens à procura de um palco.”

Com muito empenho por parte das formadoras, viu-se o trabalho a cumprir o seu objectivo na íntegra.

Foi uma bonita festa, onde estiveram presentes outros EPs, e onde houve ainda a participação de várias associações. A nossa associação ABA esteve ali naquele lugar com grande empenho, e tivemos a presença do Presidente da ABA e de todo o presbitério da Igreja Reviver.

O Júnior e o Vasco foram de grande ajuda na festa, montaram o som e até ajudaram com outros pormenores.

As reclusas encerraram a festa com a peça de teatro que foi construída pelas próprias, vencendo os preconceitos. Terminaram a peça de teatro com uma música cuja letra foi escrita por elas. Esse foi um momento muito emocionante. O refrão dizia: “Porque Eu Sou o Caminho e a Verdade e a Vida.” Todas as mulheres que estavam sentadas se levantaram e cantaram juntas. Foi das coisas mais bonitas que já vi.

No final da festa serviu-se um bom lanche e cada reclusa recebeu um cachecol que foi doado por amigos, de Norte a Sul de Portugal.

Cíntia

Testemunho de Miriam Gonçalves do último dia do Projecto de teatro no ano de 2009 no E. P. De Odemira.

Ontem fizemos a avaliação do projecto com as reclusas...e assim a despedida para as férias de Natal (voltamos em Fevereiro).

Começámos por ouvir uma a uma a fazer uma reflexão daquilo que tinha sido o curso em termos pessoais e a experiência como grupo no Palco.

Quase todas choraram dizendo coisas como:

"Vocês fizeram-nos lembrar que ainda somos mulheres e não apenas um número", "Já nem sabíamos como era viver fora daqui e vocês fizeram-nos lembrar que depois de sair deste lugar há decisões importantes para tomar", "o impacto desta festa foi muito grande, as pessoas aqui dentro começaram a valorizar o que somos", "As guardas vieram-nos dar os parabéns e aquelas que não estavam de serviço, quando chegaram quiseram ver as fotos todas para visualizar o que tinham perdido", "durante uma semana não se falou de outra coisa, a peça foi um sucesso", "estamos muito agradecidas por vocês, porque demonstram por nós muito carinho, não nos julgam, nem nos condenam", "este tempo que nós temos aqui com vocês é o nosso refugio", " vocês marcaram a nossa vida e nós sabemos que marcamos a vossa, porque vocês são incansáveis e não desistiram de nós".....

Uma das reclusas quer pedir autorização à direcção da cadeia para fazer um memorial de tudo o que se passou durante este tempo, porque diz que isto tem que ficar registado.

Ontem Elas estavam tão contentes e ao mesmo tempo tristes com algumas coisas… e contaram-nos tudo...

Ganhámos mesmo a confiança destas mulheres e elas aceitam tudo o que lhes dizemos. Ontem deixámos uma palavra de Deus para Elas, "o que tens na tua mão?". Na suas mãos está o poder da decisão do rumo das suas vidas, não na mão das guardas ou outros, mas cabe a cada uma escolher o que quer ser, fazer...

Foi difícil sair dali...sentimos o fluir de Deus...gostava que tivesses estado lá para veres o milagre de Deus naquelas Mulheres...

Tudo acabou em abraços e muito choro e foi uma despedida difícil.

Miriam Gonçalves

Amor, te amo muito!

Feliz dia dos namorados!

Você é muito importante para mim.

Sempre namorados!

Coisas bonitas que acontecem!

O mês de Dezembro na Boavista dos Pinheiros foi um mês muito marcante para o Centro Comunitário Reviver.
Juntamente com os cooperadores do Centro Comunitário Reviver, tivemos uma ideia de um evangelismo diferente. Pensávamos: Queremos fazer algo em que as pessoas possam ser surpreendidas e também acarinhadas.
Durante 3 dias trabalhámos em cima de papéis de presentes, que se transformaram em lindos saquinhos, e colocámos lá dentro bombons. No domingo, dia 20, pelas 7h da manhã, encontrámo-nos no Centro Comunitário Reviver, para começarmos com a distribuição dos saquinhos. Cada casa e comércio da Boavista dos Pinheiros amanheceu com saquinhos pendurados nas suas portas; quando as pessoas pela manhã saíam de casa, eram surpreendidas por um miminho de Natal na sua porta.
Para nós, como igreja, tem sido uma experiência nova, e para a comunidade da Boavista dos Pinheiros, foi bonito ver as pessoas agradecerem e ficarem tocadas por uma surpresa tão simples, mas cheia de amor.
E no mesmo dia pelas 17h, tivemos uma celebração de Natal no Centro Comunitário Reviver, com o tema: Natal é tempo de paz, porque o príncipe da paz, chegou e habitou entre nós!
Os nossos irmãos em Cristo estavam felizes por celebrarmos juntos mais uma comemoração tão importante na vida da Igreja.
Tivemos duas visitas que nos deram muita alegria.
Na participação do programa louvámos a Deus com canções natalícias e houve uma poesia declamada pela nossa irmã Maria José. Ao som da canção «Só de ouvir tua voz», Cíntia e a pequena Inês fizeram uma dança. As meninas da escola dominical apresentaram uma peça de teatro: O aniversariante. O Obreiro Júnior trouxe uma palavra de meditação sobre o verdadeiro sentido do Natal com ilustração da peça de teatro.
E terminámos com um bom convívio e a degustar guloseimas de Natal.

Oremos pelo o Alentejo!

Texto retirado de Jornal Público PT


Número de casos no Sul do país mais baixo que em levantamentos anteriores
Baixo Alentejo mantém ainda uma das mais elevadas taxas de suicídio na Europa


"Com a chegada do novo milénio, os comportamentos suicidas em Portugal poderão estar a sofrer uma alteração, e para pior, assim se apurou nas conclusões extraídas de um seminário subordinado ao tema, realizado em Beja no final de Abril, promovido pelo núcleo distrital de Beja da Rede Europeia Anti-Pobreza.

Solidão, desemprego e o acesso à saúde podem potenciar casos de suicídio Solidão, desemprego e o acesso à saúde podem potenciar casos de suicídio (Daniel Rocha)

A comprovar a mudança estão os dados relativos a 2002 e 2003 a nível nacional, que subiram de 5/6 para 12 atentados à própria vida consumados por cada 100 mil habitantes, sem que seja ainda possível aferir se existe uma "tendência estabelecida de crescimento", ressalva José Henrique Santos, psiquiatra que integra o Departamento de Psiquiatria da Unidade Saúde Local do Baixo Alentejo.

Mas se os dados nacionais forem comparados com os registados no Baixo Alentejo, a região do país que tradicionalmente apresenta uma prevalência de suicídios das mais altas da Europa, surge mais um dado novo: o número de casos "é um pouco mais baixo" que os levantamentos feitos em anos anteriores, realçou Henrique Santos. Esta constatação pode significar que "não há crescimento sustentado, pelo menos nos últimos anos, nas taxas de suicídio" no Alentejo, mas serão necessários mais dados, para se confirmar se há ou não uma redução de actos de morte violenta.

Apesar desta pequena descida, os valores registados no Baixo Alentejo persistem elevados . Em 2008, prossegue Henrique Santos, foram contabilizadas "47 mortes por 100 mil habitantes, menos 11 que em 2007", números que colocam a região no quinto lugar a nível europeu, um triste ranking, que é liderado pela Lituânia, com 77 mortes.

Dados divulgados pela Sociedade Portuguesa de Suicidologia (SPS) referem que de 1998 a 2008 e no Baixo Alentejo, a média anual de suicídios foi de 53 casos. Contudo, o concelho de Odemira detém uma das maiores taxas de suicídios a nível mundial. Em 2007 foram contabilizadas 61 mortes por cada 100 mil habitantes, com o epicentro a situar-se na freguesia de Sabóia, com um dos maiores índices de suicídio em todo o mundo.

Em 1997, Mário Jorge Santos, médico de saúde pública e membro da SPS, contou no seminário uma história verídica para vincar como é difícil tecer juízos de valor sobre as causas que conduzem ao suicídio. Quando prestava serviço em Odemira foi surpreendido, em Sabóia, com uma estranha ocorrência: fora chamado a confirmar o óbito de uma mulher que se tinha suicidado. Quando chegou ao local ficou perplexo com o que viu. A suicida tinha 93 anos e conseguira enforcar--se. "Conclui na altura que a senhora tinha revelado uma força extraordinária, física e mental, para morrer", o que o deixou "sensibilizado", pelo que desde então procura perceber o que leva as pessoas ao suicídio.

Jorge Santos classifica este acto, sobretudo na terceira idade, como um grave problema de saúde pública, que afecta pessoas marcadas por "desespero extraordinário, e que revelam evidente incapacidade para superar os problemas" que as dominam e subjugam por completo. Este médico, especialista em saúde pública, associa os comportamentos suicidários "à pobreza, à ignorância e à exclusão", imputando as causas a "um mundo individualista, onde se premeiam os rankings e a avaliação individual".

As barreiras no acesso ao serviço de saúde são outro factor de risco, por terem um efeito dissuasor sobre os mais pobres", aponta Jorge Santos, referindo que esta questão "foi estudada pelo professor Correia de Campos, docente na Escola Nacional de Saúde".

O desemprego também está "directamente relacionado" com a depressão que pode conduzir ao suicídio. Os dados estatísticos apontam que, quando aumenta o desemprego, aumentam os suicídios. "Estamos num momento de crise e devemos estar muito atentos e interventivos", alerta o médico.

Beja e Moura com 81 casos entre 1991 e 2008

Nuno Poiares, comissário da PSP e mestre em Sociologia, está em Beja há cerca seis anos e desde o início da sua estava na capital baixo-alentejana que se interessa pela dinâmica comportamental de determinados grupos de risco, sobretudo os jovens e os para-suicidas. Inscreveu-se na SPS e lançou-se no levantamento e na interpretação das causas de todos os que consumaram o acto entre 1998 e 2008 nas áreas urbanas das cidades de Beja e Moura, onde a PSP está presente. Contou 81 suicídios. Destes, 54 aconteceram em Beja e os restantes em Moura. Do total, 68 eram homens e 13 mulheres. Os anos de 1999, com dez suicídios, 2004, com oito, e 2008, com seis, foram os mais negros.

O uso da corda foi feito por 41 homens e oito mulheres, neste caso a revelar uma mudança em relação aos meios tradicionalmente usados, o envenenamento, recurso que foi utilizado por apenas quatro mulheres. Uma delas recorreu ao envenenamento seguido do enforcamento. Outra afogou-se e ainda houve uma que recorreu a arma de fogo.

Dos 68 suicídios de homens, para além do enforcamento, houve cinco que optaram pelo envenenamento, 14 puseram termo à vida com armas de fogo e oito por formas diversas. O mais jovem tinha 16 anos e matou-se com um tiro de pistola e o mais idoso, com 91 anos, utilizou uma caçadeira.

Mário Jorge Santos diz não perceber as razões porque não há, abaixo do Tejo, com excepção de Setúbal, "internamentos em psiquiatria". O recurso passa por enviar os doentes para Lisboa, onde dificilmente terão visitas, pormenor que o médico considera ser "penalizante e uma crueldade".

Você pode ter

Você Pode Ter
João Alexandre
Composição: Sérgio Pimenta

Você pode ter a casa repleta de amigos
Paredes e pisos cobertos de bens
Ter um carro do último tipo
E andar conforme der na cabeça

Ou pode até ser um cara que vive apertado
Até mesmo dentro de um lotação
Curtindo assim mesmo num fim de semana
A andar conforme der na cabeça

Mas sempre será como folha no vento
Esperando o momento de cair
Você pode ter tudo aquilo que sonhar
Mas nunca terá a paz que existe lá dentro
Que não se encontra pra poder comprar
Porque essa paz só tem a pessoa
Que se encontra com Cristo